quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Da telinha para as ruas - por Larissa Gobbi

A novela é construída para ser um espetáculo, para causar fascínio naqueles que as assistem. Seus personagens são construídos para tornarem-se ídolos. Assim, as novelas aguçam o desejo de consumo dos espectadores, servindo de base para criar e difundir modas e tendências.
Mas não se engane: é preciso muito trabalho e criatividade para tornar um estilo desejável para o telespectador. Os figurinistas frequentam semanas de moda no mundo inteiro, pesquisam sobre arte, tecnologia e história. Mas, muitas vezes, é no próprio espectador que está a resposta. Essa influência da novela no modo de vestir começou em 1970, com a introdução das séries que abordavam o cotidiano, e não apenas o passado. Antes, não era raro os atores recorrerem a seus guarda-roupas pessoais. Em Senhora, transmitida pela extinta TV Paulista em 1952, a atriz Márcia Real usou o próprio vestido de noiva na cena do casamento de sua personagem, Aurélia Camargo. “A partir da década de 1970, as novelas passaram a ditar moda”, conta o livro Entre Tramas, Rendas e Fuxicos, produzido pela Central Globo de Comunicações para contar a história dos figurinos de suas novelas.
Com o tempo, o sucesso de uma peça de roupa passou a depender também da forma como ela é apresentada. Em Água Viva, Betty Faria, que fazia a personagem Lígia, reclamou que não agüentava mais a cor roxa, frequente nos modelitos da época. Por causa disso, o roxo encalhou nas prateleiras. Para contornar a situação, foi gravada uma nova cena, em que a personagem elogiava a cor. Nada desse alcance acontece por causa de um desfile de moda. Alexandre Herchcovitch, um dos mais prestigiados estilistas brasileiros, confessou, durante um debate no ano passado em São Paulo, que os figurinos “melhoram” a maneira de o brasileiro se vestir. “A novela é a grande revista de moda das camadas populares”, ele afirmou.
Layne Gabriele, estudante de 16 anos é adepta ao look quem vem das telinhas. Não abre mão da unhas coloridas da personagem Rakelli de Beleza Pura, nem dos maiôs da Bebel no verão, mas o que ela adotou de vez nos seus looks foi o estilo indiano de Maya de Caminho das Índias, que abusa do Kajal (técnica com lapis indiano) que realça os olhos.
"A maquiagem é perfeita para qualquer ocasião, com o look que estou, é só tirar o lenço indiano e partir para qualquer lugar".

Confira alguns modismos lançados pelas novelas:

A Barba Azul, 1974

Eram anos 70 , por isso, Eva Wilma caprichou no modelo. Óculos aviador, lencinho no pescoço, calça boca-de-sino e plataforma de moda. Sucesso.


O Rebu, 1974
A primeira novela a cores da televisão.  "O Rebu fez com que os cabeleireiros  subitamente tivessem que mandar afiar as tesouras. E faltou gomalina na praça", escreveu Ruy Castro em seu livro "Ela É Carioca". Tudo isso por causa do cabelo curto da personagem de Bete Mendes.


Pecado Capital, 1976
Rosa Maria Murtinho usava um turbante e óculos estilo Jackie O. Ícone de sofisticação.

Dancin’ Days, 1978
Fez a moda discoteque se transformar numa tendência em todo o Brasil.  A meia colorida de lurex se transformou no maior modismo daquela época.A personagem de Sônia Braga, Júlia, era o grande ícone de estilo.


Água Viva, 1980
A personagem de Glória Pires usava um brinco de um lado só. Ela e, depois, todo mundo.


Quatro por quatro, 1994
O estilo de Babalú
, com salto alto e meias e shortinho, foi o grande sucesso da época.


Paraíso Tropical, 2007
O maiô todo recortado que, por trás, parece um biquíni, e é usado por Bebel tanto na praia, quanto no dia-a-dia é marca registrada do visual da personagem. Virou hit no verão.

Caminho das Índias, 2009
Época do make indiano: o kajal esgotou e todo mundo queria ter o estilo da personagem de Juliana Paes. Os tecidos indianos começaram a ser procurados nas lojas populares.






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